A Unesp suspendeu o vestibular do meio do ano. Enfrentando uma crise financeira, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária (Cepe) da Unesp decidiu, na última terça-feira (12), que o processo de seleção dos ingressantes da universidade será unificado no final do ano. A medida aprovada segue diretriz proposta na reforma acadêmica.
A edição de meio de ano foi criada em 2001, para preencher vagas de novos cursos no campus de Ilha Solteira. Dois anos depois, o exame acolheu cursos dos campus de Bauru, Registro, São João da Boa Vista e Sorocaba. A Unesp era a única universidade paulista a ter dois vestibulares.
A edição de meio de ano oferecia 360 vagas em nove cursos de graduação em engenharia. O oferecimento de vagas desproporcional também pesou para a aprovação no órgão colegiado por maioria de votos. No vestibular de verão, no final do ano, são oferecidas 7,3 mil vagas.
Após 18 edições, o vestibular de meio de ano registrou queda de 24% no número de inscritos nos últimos três anos. Além disso, acumulou um prejuízo de R$ 1 milhão nos cinco anos. O custo por aluno no vestibular de verão é de R$ 1,1 mil. Já no meio do ano o custo por candidato era de R$ 4 mil.
A decisão já vale para este ano, assim, o vestibular que seria realizado em meados de 2019 passará a ocorrer conjuntamente com o vestibular de verão. Entretanto, ainda não ficou definido se os aprovados ingressarão já em fevereiro ou só em agosto de 2020.
Em nota, a Unesp revelou que “o aprofundamento da reorganização do vestibular faz parte da reforma acadêmica proposta no segundo semestre do ano passado e passa por debates acerca das limitações do modelo de acesso à graduação”.
Durante a reunião do Cepe, a pró-reitora de graduação da Unesp, professora Gladis Massini-Cagliari, apresentou aos conselheiros um diagnóstico detalhado do vestibular do meio do ano. Embora o número de vagas representasse apenas 5% da quantidade ofertada no vestibular de verão, a logística e os esforços de operação dos exames do meio e do final do ano eram similares.
“Acreditamos que a medida também está de acordo com os anseios da sociedade, uma vez que o ensino médio e a grande maioria dos cursinhos pré-vestibulares finalizam suas atividades no final de cada ano”, afirma a professora Gladis Massini-Cagliari, pró-reitora de graduação da Unesp.
Crise
A Unesp tem atualmente 53 mil alunos de graduação e pós-graduação distribuídos em 34 unidades localizadas em 24 cidades paulistas. A universidade trabalha com um déficit orçamentário de R$ 245 milhões. Além da suspensão do vestibular de meio de ano, a Unesp estuda fechar cursos de graduação com baixa procura.
A crise, que não é recente, já afeta os servidores que estão há quase dois meses sem receber o 13º salário, que soma cerca de R$ 175 milhões. A Unesp negocia com o Governo do Estado uma solução.